A caspa rebelde e o elixir de inhame

Por Bia Triz

“O dentista J. Freire, cirurgião dentista pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, possuindo completo instrumental de gabinete e prótese, pratica com absoluta segurança: dentaduras duplas, coroas de porcelana sintética, ouro e platina, blocos e incrustações a ouro e porcelana. Extrações sem dor, etc”. O texto é dos muitos anúncios publicados no Jornal das Moças, edição de 23 de maio de 1926, ano de lançamento do periódico. Em outra edição, o JM anuncia: “Elixir de Inhame: depura, fortalece, engorda”. Qual seria o destino de um publicitário que, nos dias de hoje, se arvorasse a promover qualquer produto, prometendo que ele aumentará o peso de incauto que o consumir? E outro que se referisse a um medicamento de “esquisito perfume”? Os tempos eram outros, quando se grafava “cabello” e “exquisito”. 

Uma das primeiras publicações voltadas para o público feminino no Brasil, o semanário foi criado por um grupo de mulheres na cidade de Caicó, no Rio Grande do Norte, e fez sucesso até 1932. A literatura sobre a história da imprensa feminina no país mostra a importância do Jornal das Moças. E os anúncios propagandísticos publicados no periódico são dignos de nota, por assim dizer. 

Em tempo: edições digitalizadas do Jornal das Moças de Caicó e da versão carioca que o antecedeu estão disponíveis no acervo da Hemeroteca Digital Brasileira.