sexta-feira, 23 de agosto de 2013
Como assim, 'impressão'?
Existe um razoável consenso sobre a máxima de que 'as palavras têm força'. Mesmo quando não faz a mínima ideia do que elas significam. Se não, vejamos. A criatura abre o laudo de um exame, cujo nome já impõe respeito (ecocardiograma bidimensional com mapeamento de fluxo em cores), e se depara com o diagnóstico: “Esclerose valvar aórtica e mitral”. Uma única palavra é capaz de fragilizar qualquer convicção de que você é uma pessoa saudável. Que diabo é 'valvar'? Deve ter relação com válvula, será? Não sei. Tem mais: 'hipertrofia miocárdica excêntrica discreta do ventrículo esquerdo'. Excêntrica e discreta ao mesmo tempo? Esse médico não estudou semântica? Relendo o tal laudo, o vivente se tranquiliza um tantinho quando se dá conta de que em vez de diagnóstico, a conclusão a que chegou o doutor é apenas uma “impressão diagnóstica” . Ou seja, se a problemática envolvendo a tal valvar for ruim, nada de desespero: é apenas uma impressão e não uma sentença. O ser humano volta a se angustiar quando pensa que, se a excentricidade discreta foi uma coisa boa, vale a mesma regra: é apenas uma impressão. Resumo da ópera: antes um médico cubano à mão do que dois brasileiros folgando.
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