Por Bia Triz
Haveremos de concordar que não existe uma frase ou um conjunto delas capaz de traduzir à perfeição o gênio de Vinícius de Moraes. Mas nada melhor que versos seus para ilustrar a singularidade da obra e a genialidade do
poetinha. E um dos trechos mais lindos de
Monólogo de Orfeu revelam a maestria do poeta para falar de amor:
“Ah, minha Eurídice / Meu verso, meu silêncio, minha música.
Nunca fujas de mim. Sem ti, sou nada.
Sou coisa sem razão, jogada, sou pedra rolada.
Orfeu menos Eurídice: coisa incompreensível!
A existência sem ti é como olhar para um relógio
Só com o ponteiro dos minutos. Tu és a hora, és o que dá sentido
E direção ao tempo, minha amiga mais querida!
Qual mãe, qual pai, qual nada!
A beleza da vida és tu, amada
Milhões amada!”
Na língua portuguesa, ninguém foi mais feliz do que o poetinha ao homenagear a amizade, nos versos de
Amigos:
“Se alguma coisa me consome / e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos! A gente não faz amigos, reconhece-os”.
A obra de Vinícius é a 'coisa mais linda, mais cheia de graça' que a gente tem o privilégio de ver passar, 'num doce balanço a caminho do mar'. E fica ainda mais linda por causa do amor.