sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Música suave


Confira o Playlist da Semana.

O plágio de Van Gogh


Por Bia Triz

Deu no New York Times: Vincent van Gogh “frequentemente fazia cópias” das obras de um grande expoente da pintura: ele próprio. Segundo o NYT, graças a essa “curiosa prática de se copiar” é que foi possível organizar a exposição ‘Van Gogh Repetitions”, em cartaz na Phillips Collection, em Washington, até o final de janeiro de 2014. Claro que dá muito pano pra manga o debate sobre o valor de cada obra e a própria noção sobre o que, afinal, pode ser considerado um Van Gogh original. Mas a ideia que ficou matutando na minha cachola foi outra: já pensou se grandes nomes da literatura tivessem adotado essa prática? Teríamos uma segunda versão de Dom Casmurro mais genial que a primeira ou Machado de Assis entraria em depressão (ao constatar que dificilmente superaria o original) e deixaria de escrever? É possível copiar a si próprio na literatura? Qual seria o sentido de fazê-lo? Qual seria o resultado: aprimoramento, perda de tempo ou bloqueio criativo ad eternum? Por ora, a única conclusão a que cheguei foi a de que é melhor parar por aqui. Assim, pouparei cortes no texto. E na orelha.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Sexo, MPB e Pasquale


Por Bia Triz

Em suas 640 páginas, o livro História Sexual da MPB, de Rodrigo Faour, conta o que promete no título. Num dos sete capítulos, 'O amor na MPB', o autor discorre sobre “o amor mal-resolvido que permeou a maior parte das letras românticas de nossa música até os anos 60”, diz a sinopse divulgada por livrarias e congêneres. Ainda não li essa espécie de Barsa da sacanagem musical, mas a cada dia me anima mais a ideia de catalogar novas fases do cancioneiro nacional para, inspirada em Faour, escrever algo como História Gramatical da MPB. Senão, vejamos: houve uma fase em que os cantores adotaram um estilo digamos separador de sílabas de interpretação. Djavan foi um deles: “Só sei vi-ver, se for por vo-cê” (Oceano). Quem inclusive resgatou essa onda foi a cantora (?) Anita com o seu “pre-pa-ra que a-go-ra”. Mas o gênero músico-gramatical que vem ganhando cada vez mais adeptos e dividendos é a MPB Figuras de Linguagem. No caso da onomatopeia, seus maiores hits são “Eu quero tchu, eu quero tcha” e Tchê tcherere tchê tchê, Tcherere tchê tchê, Tcherere tchê tchê", do professor Gustavo Lima. Tem também as composições com trechos que são puro pleonasmo. O Grammy da redundância vai para Aquarela do Brasil com “esse coqueiro que dá coco”. Há músicas cujas letras pedem, clamam para que alguém em alguma mesa de bar do país lhes batize como o melô de alguma coisa. Quem já fez endoscopia à moda antiga saberá do que estou falando: aquele momento pré-apagão depois de tomar o Valium... “Quando gira o mundo e alguém chega ao fundo de um ser humano” é a melô do exame endoscópico. Temos ainda os clássicos “aquela nuvem que passa lá em cima sou eu”, conhecido como melô do louco ou pós-LSD e o tradicional “quero ver você não chorar, não olhar pra trás nem se arrepender do que faz”. Esse último é o melô do, enfim, você sabe. Não sabe? Nesse caso, pelo inusitado, você merece entrar para os anais, se é que você me entende.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Livros e presentes


Por Bice Triz

"Quando criança gostava de ganhar presentes, mas não todos. Boneca não gostava, só valia pelo fato de não incomodar como os humanos incomodavam, era assim meio planta. Mas, aí é que eu não gostava, não dava para regar, semear muito menos acompanhar o seu crescimento, boneca era como planta de plástico. Panelinhas, colherinhas e companhia eram os meus prediletos, fazia comida no jardim e também na pequena farmácia da casa. Fazia culinária com plantas e remédios, inventava refeições e experimentava todas. Livros eram meus presentes prediletos. Quase enlouqueci quando li de Tom Soweyer. Algumas aventuras do Sitio o Pica Pau Amarelo também me marcaram. A Coleção Bom Apetite da minha mãe acho que li toda, até hoje gosto de ler receitas culinárias e bulas de remédios. Na juventude comecei a ler os clássicos".

Leia  íntegra de 'O livro de presente'.

Vale a pena ver de novo

Uma versão divertida de 'A Hora do Brasil' e as diferenças do sexo ao redor do mundo. Vale a pena rever a performance de 'Os fulanos' para espantar eventuais resquícios do banzo de segunda-feira. 


Zahar reedita Jack London


Romance lançado pela primeira vez em 1904, clássico do americano Jack London, ‘O Lobo do Mar’ ganha uma edição caprichada da Zahar, informa Lobo a revista Veja. “Além de nova tradução, assinada pelo romancista Daniel Galera, o livro tem texto de apresentação de Joca Reiners Terron, notas explicativas e até um glossário de termos náuticos. Não que a vida no mar seja a matéria mais importante aqui, embora seja pano de fundo e personagem do romance: na história do náufrago que passa a temer de verdade pela sobrevivência ao ser resgatado pelo violento capitão Wolf Larsen, o que sobressai é o embate filosófico entre a concepção primitiva do capitão e a chamada civilidade e entre o poder do homem e a força de um mundo que — então se acreditava mais do que nunca — é tão determinado pelas leis descritas por Darwin”, diz a Veja. A tradução é de Daniel Galera. O livro tem 360 páginas e o preço é de R$ 49,90 (impresso) e R$ 19,90, o e-book.

sábado, 19 de outubro de 2013

Coisa de Vinícius


Luz dos olhos de Vinícius


Vinícius de Moraes


Por Bia Triz

Haveremos de concordar que não existe uma frase ou um conjunto delas capaz de traduzir à perfeição o gênio de Vinícius de Moraes. Mas nada melhor que versos seus para ilustrar a singularidade da obra e a genialidade do poetinha. E um dos trechos mais lindos de Monólogo de Orfeu revelam a maestria do poeta para falar de amor:

 “Ah, minha Eurídice / Meu verso, meu silêncio, minha música.
Nunca fujas de mim. Sem ti, sou nada.
Sou coisa sem razão, jogada, sou pedra rolada.
Orfeu menos Eurídice: coisa incompreensível!

A existência sem ti é como olhar para um relógio
Só com o ponteiro dos minutos. Tu és a hora, és o que dá sentido
E direção ao tempo, minha amiga mais querida!
Qual mãe, qual pai, qual nada!
A beleza da vida és tu, amada
Milhões amada!”


Na língua portuguesa, ninguém foi mais feliz do que o poetinha ao homenagear a amizade, nos versos de Amigos:

“Se alguma coisa me consome / e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite  ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo,  todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos! A gente não faz amigos, reconhece-os”.

A obra de Vinícius é a 'coisa mais linda, mais cheia de graça' que a gente tem o privilégio de ver passar, 'num doce balanço a caminho do mar'. E fica ainda mais linda por causa do amor.

Cem anos de lentidão


Por Bia Triz

Como se trata do Brasil, devemos acrescentar ao título acima a expressão “e corrupção”.  Lembra da obra de transposição do rio São Francisco? Pois bem. A conclusão do primeiro canal da transposição, cuja inauguração foi prometida pelo ex-presidente Lula para 2010, está muito longe de ser concluída. No ano passado, a execução da obra avançou pouco. Muito pouco, pouquíssimo. Mais precisamente: 1%. Com isso, só deve ficar pronta no fim de 2015. Por que está caminhando tão vagarosamente? Segundo informações do Ministério da Integração Nacional à folha os vilões dessa história são problemas burocráticos relativos a novas licitações e morosidade na liberação de recursos para o projeto. Tem que mandar essa tal burocracia participar do quadro 'Medida Certa', do Fantástico. Talvez ela consiga ser mais ágil.

Procon e Plasil

Reprodução
Tudo tem um preço, inclusive perder o limite na bebedeira e dar vexame durante a balada.  Por exemplo: o The Blue Pub, localizado na Bela Vista (região central da capital paulista), cobra “taxa de vômito” de R$ 20, noticia a Folha de S. Paulo. O jornal reproduz a foto da comanda com a cobrança escrita à caneta, publicada por uma cliente do pub no Foursquare, rede social de avaliações de endereços. "Meu namorado passou mal pelo que tinha comido no almoço, acabou vomitando no Blue Pub e cobraram a 'taxa vômito'. Caiu no meu conceito", postou a namorada do rapaz ‘multado’, por assim dizer. Segundo a Folha, a direção do pub afirma que a taxa insólita “é revertida integralmente para a equipe de limpeza pelo ‘trabalho extra’”. O negócio é beber com moderação e, se não conseguir, convém procurar com brevidade o sanitário mais próximo.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Dilma, a moderninha


Por Bia Triz

Não se falou de outra coisa no fim de semana: a polêmica sobre as biografias não autorizadas, a descoberta de que o governador de SP, Geraldo Alckmin, esteve (está?) na mira do pessoal do PCC e o resultado da pesquisa Datafolha, realizada na sexta (11), cujo resultado revelou que a presidente Dilma Rousseff seria reeleita no primeiro turno se a eleição fosse hoje e seus adversários fossem Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB). “Nessa simulação, Dilma tem 42% das intenções de voto; Aécio, 21%; Campos,15%. Brancos, nulos ou nenhum somam 16%. Outros 7% não sabem em quem votar”, noticiou a Folha. Ou seja, Dilma voltou a bombar, como previu o marqueteiro do governo e do PT, João Santana. Quando o bicho estava pegando com protestos pelo Brasil afora em junho e a popularidade de Dilma despencava do 60º andar, Santana preconizou: em no máximo quatro meses, a aprovação da presidente estaria de novo em ascensão. Bingo! Nos últimos tempos, ficou evidente que um dos públicos prioritários das ações de marketing de Santana são os jovens. Senão, vejamos: Dilma recebeu, entre cliques, sorrisos e pose para foto, o autor do perfil Dilma Bolada, que já bateu a casa das 540 mil curtidas no Facebook. Agora, surge a notícia de que a presidenta quer aprender a pilotar mota, digo, moto. Resta saber qual será a próxima estratégia do marqueteiro do Palácio do Planalto para que Dilma siga conquistando a simpatia da juventude. Estaria entre os planos de João Santana a troca do avião presidencial por uma Harley Davidson? Ou a presidente vai protagonizar um vídeo testando o equilíbrio numa slackline? Ou a próxima experiência da presidente moderninha será tatuar o rosto de Snowden no antebraço esquerdo e dar um rasante de asa delta na Casa Branca? Impossível prever, mas seja lá o que for, Caetano e Chico antecipam: só pode entrar na biografia da presidente se ela autorizar. 

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Flica 2013



Por Bia Triz

De 23 a 27 de outubro, a cidade baiana de Cachoeira, que tem pouco mais de 34 mil habitantes, segundo dados recentes do IBGE. Cachoeira faz fronteira com o município de Santo Amaro, terra natal de Caetano e Maria Bethânia, e tem uma grande importância histórica não só para a Bahia como também para o Brasil: a cidade foi palco das lutas pela Independência do Brasil. Do ponto de vista cultural é um dos municípios baianos que mais preservou ícones e tradições que traduzem uma identidade histórica e cultural do estado. Muitos outros predicados poderiam ser listados aqui, mas nos interessa dizer que a Festa Literária Internacional de Cachoeira 2013 tem tudo para ser isso mesmo: uma festa. Pelo conteúdo, pela forma e pelo entorno. A cidade é gostosa e aconchegante e vai respirar literatura, poesia, música e arte da melhor qualidade. O cenário é inspirador, as conversas, idem. A gastronomia é boa, assim como a chance de experimentar uma cachacinha e de rolar uma paquera, porque nem só de leitura vive o homem. Confira quem são os autores, a programação geral e as mesas. Entre as novidades da Flica tem a primeira edição da Fliquinha, com programação direcionada para crianças, as atrações musicais (entre elas, Armandinho – o da guitarra e não aquele que viu Deus namorando –, a Orquestra Sinfônica da Bahia e o coral Gêge Nagô. 

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

E a vida?


Por Bia Triz

Nasceu? Quantos quilos? Parece com quem: o pai, a mãe ou um joelho? Antigamente, poderíamos acrescentar outra: é menino ou menina? Hoje, com a tecnologia a pergunta é a mesma, mas a confirmação chega bem antes do rebento. Nesses tempos modernos, a resposta às vezes é pós-moderna: “quando ele crescer, ele decide”. A vida começa e termina com perguntas. Leia a íntegra de 'E a vida?'

Marina Silva, Veríssimo e Cazuza



Por Bia Triz

Mais do que as notas musicais da escala diatônica, mais do que as letras do alfabeto, muito mais do que os dedos das mãos: o Brasil tem hoje 32 partidos políticos. Haja ideologia para dar identidade a tanta agremiação. Se cada um dos 26 estados (mais o Distrito Federal) tivesse direito a um partido, ainda restariam cinco para o TSE ratear entre os interessados. E a onda agora é fugir do óbvio: nada de começar o nome do partido com a palavra partido. A tendência primavera-verão da política nacional é misturar cores e ousar nas nomenclaturas.  Na passarela do Brasília Fashion Week já desfilam o Solidariedade (SDD) e o Partido Republicano da Ordem Social, cuja sigla é PROS – que provoca uma vontade quase irresistível de, só por pirraça,  propor a criação da  Contras (Confraria Organizada Niilista Trabalhadora Rebelde Aguerrida e Socialista).  Reta final da eleição e vem a manchete: “Equilíbrio marca debate entre PROS e Contras; eleitorado segue indeciso”. A Rede de Marina Silva por enquanto é sem fio, sem conexão e sem candidato. Sustentabilidade por ora é sinônimo de PSB e o livro de cabeceira da ex-ministra é ‘Olhai os lírios do Campos’, uma releitura pernambucana e de olhos verdes da obra de Érico Veríssimo. Quanto ao SDD, resta saber quem serão os maiores beneficiários de tanta solidariedade e a quem foi mesmo que Paulinho pediu uma Força para viabilizar o registro da legenda. Quer saber? “Meu partido é um coração partido. E as ilusões estão todas perdidas”. Ave, Cazuza!

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Sentada à beira do caminho


Por Bice Triz

Passou a infância com os avós, em um sitio perto da capital. Desde muito cedo reparava os contrastes do mundo. Na estrada para escola observava meninas da sua idade de minissaias, com blusas curtas e sandálias menores que os pés, percebia que todas as partes do corpo estavam de certa forma à mostra, parecia faltar muito e sobrar algo, algo interessante. Sempre tinha uma ou duas na beira da estrada, enquanto as outras, geralmente juntas, conversavam agachadas com as pernas confortavelmente abertas. (...)

Leia e se delicie com a íntegra de 'Manga'.