quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Sexo, MPB e Pasquale


Por Bia Triz

Em suas 640 páginas, o livro História Sexual da MPB, de Rodrigo Faour, conta o que promete no título. Num dos sete capítulos, 'O amor na MPB', o autor discorre sobre “o amor mal-resolvido que permeou a maior parte das letras românticas de nossa música até os anos 60”, diz a sinopse divulgada por livrarias e congêneres. Ainda não li essa espécie de Barsa da sacanagem musical, mas a cada dia me anima mais a ideia de catalogar novas fases do cancioneiro nacional para, inspirada em Faour, escrever algo como História Gramatical da MPB. Senão, vejamos: houve uma fase em que os cantores adotaram um estilo digamos separador de sílabas de interpretação. Djavan foi um deles: “Só sei vi-ver, se for por vo-cê” (Oceano). Quem inclusive resgatou essa onda foi a cantora (?) Anita com o seu “pre-pa-ra que a-go-ra”. Mas o gênero músico-gramatical que vem ganhando cada vez mais adeptos e dividendos é a MPB Figuras de Linguagem. No caso da onomatopeia, seus maiores hits são “Eu quero tchu, eu quero tcha” e Tchê tcherere tchê tchê, Tcherere tchê tchê, Tcherere tchê tchê", do professor Gustavo Lima. Tem também as composições com trechos que são puro pleonasmo. O Grammy da redundância vai para Aquarela do Brasil com “esse coqueiro que dá coco”. Há músicas cujas letras pedem, clamam para que alguém em alguma mesa de bar do país lhes batize como o melô de alguma coisa. Quem já fez endoscopia à moda antiga saberá do que estou falando: aquele momento pré-apagão depois de tomar o Valium... “Quando gira o mundo e alguém chega ao fundo de um ser humano” é a melô do exame endoscópico. Temos ainda os clássicos “aquela nuvem que passa lá em cima sou eu”, conhecido como melô do louco ou pós-LSD e o tradicional “quero ver você não chorar, não olhar pra trás nem se arrepender do que faz”. Esse último é o melô do, enfim, você sabe. Não sabe? Nesse caso, pelo inusitado, você merece entrar para os anais, se é que você me entende.

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