Assistir ao especial de fim de ano de Roberto Carlos tem sido, por circunstâncias pessoais, incorporado como um ritual natalino familiar. Como a minha principal interlocutora durante a audiência (minha mãe de 80 anos) se limita a repetir “ah, essa música é linda!” a cada nova canção, resolvi fazer uma avaliação menos passional sobre o show do Rei.
Primeira constatação: Roberto Carlos tem consciência de que não compôs quase nada que preste depois de sucessos como Outra vez, Detalhes e Emoções. Todo ano começa cantando o velho e bom “se chorei ou se sorri...”, passa pelo “Como é grande o meu amor por você” e empreende uma longa viagem no tempo ao lado do-meu-amigo-erasmo-carlos.
Para se mostrar inventiva a produção do Rei insiste em incluir na apresentação bandas moderninhas, DJs e novos talentos da música pop brasileira. Cantores que conquistaram a mídia e conseguiram emplacar nas rádios uma daquelas “músicas chiclete”, como diz Artur Xexéo. Em geral esses novos talentos têm também belas pernas, mas isso é apenas um detalhe. Estão aí Ivete Sangalo (#adoro), Paula Fernandes (#chatinha) e Cláudia Leitte (#enjoada) para confirmar minha tese. Este ano, Roberto Carlos cantou com Anitta. Pre-para. Antes, o Rei fingiu espontaneidade num diálogo ensaiado com a atriz Tatá Werneck, a Valdirene da novela das nove horas, Amor à Vida. Piradinhos.
O figurino de Roberto Carlos (‘destaque’ para a gravata com borda vermelha), o cenário aero-glitter-espacial e o visual anos 70 dos integrantes da orquestra que acompanha RC não negam: o Rei continua brega.
A TV de 42 polegadas e transmissão em HD são implacáveis no diagnóstico: o Rei está velho. Eu também.
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