Por Bia Triz
Aqueles que já cruzaram a fronteira dos 35 anos devem lembrar de Lippy e Hardy, a hiena pessimista que não se cansava de repetir seu bordão lamuriento : “Oh dia, oh vida, oh azar”. Essa vocação para a lamentação parece estar em alta entre os amantes da música brasileira. Tem sempre alguém a se queixar da falta de renovação da MPB e da insistência dos novos em regravar sucessos dos antigos (e eternos) sucessos de ícones como Roberto Carlos, Caetano, Chico e Milton, só para citar alguns. É verdade que rolou um quase-proliferação do jeito Emílio Santiago de ser, e um bocado de gente resolveu gravar hits do Rei, da Rainha, da nobreza inteira. Oh, dia, oh, falta de criatividade, oh, azar da MPB. O derrotismo dos Hardys de plantão não permite que eles enxerguem a poesia de Lenine (cuja voz não gosto, é vero), a beleza dos versos dos meninos dos Los Hermanos (boa pergunta: eles estão juntos de novo? Não sei. #preguiçadedarumgoogle) e o talento do compositor Carlinhos Brown, que fora do The Voice fala coisas muito mais interessantes. Além de bons letristas, a ‘nova’ geração da música brasileira tem se revelado pródiga em revelar belas vozes e intérpretes competentes. Além de Tiê, Tulipa Ruiz, merecem menção a baiana Juliana Ribeiro e a paulista de Avaré, Bruna Caram. Ao ouvi-las, só nos resta dizer: oh, dia, oh, vida, oh sorte! Ou, como canta Juliana: "Isso é bom, isso é bom que dói".