segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Vozes da MPB


 

Por Bia Triz

Aqueles que já cruzaram a fronteira dos 35 anos devem lembrar de Lippy e Hardy, a hiena pessimista que não se cansava de repetir seu bordão lamuriento : “Oh dia, oh vida, oh azar”. Essa vocação para a lamentação parece estar em alta entre os amantes da música brasileira. Tem sempre alguém a se queixar da falta de renovação da MPB e da insistência dos novos em regravar sucessos dos antigos (e eternos) sucessos de ícones como Roberto Carlos, Caetano, Chico e Milton, só para citar alguns. É verdade que rolou um quase-proliferação do jeito Emílio Santiago de ser, e um bocado de gente resolveu gravar hits do Rei, da Rainha, da nobreza inteira. Oh, dia, oh, falta de criatividade, oh, azar da MPB. O derrotismo dos Hardys de plantão não permite que eles enxerguem a poesia de Lenine (cuja voz não gosto, é vero), a beleza dos versos dos meninos dos Los Hermanos (boa pergunta: eles estão juntos de novo? Não sei. #preguiçadedarumgoogle) e o talento do compositor Carlinhos Brown, que fora do The Voice fala coisas muito mais interessantes. Além de bons letristas, a ‘nova’ geração da música brasileira tem se revelado pródiga em revelar belas vozes e intérpretes competentes. Além de Tiê, Tulipa Ruiz, merecem menção a baiana Juliana Ribeiro e a paulista de Avaré, Bruna Caram. Ao ouvi-las, só nos resta dizer: oh, dia, oh, vida, oh sorte! Ou, como canta Juliana: "Isso é bom, isso é bom que dói".

sábado, 28 de setembro de 2013

Ouro de tolo

Por Bia Triz

Talvez Raul tenha razão quando diz que ‘ninguém nesse mundo é feliz tendo amado uma vez’.  De fato, viver um amor – aquele com a maiúsculo – é uma experiência que pode dificultar para o resto da vida a possibilidade de reeditar aquela felicidade extremada, altiva, imune a qualquer centelha das tristezas ordinárias, das preocupações comezinhas, do cotidiano prosaico dos mortais sem amor. Ouro de tolo?. É o mesmo Raulzito, metamorfose ambulante, quem aconselha: ‘Não diga que a canção está perdida, tenha fé em Deus, tenha fé na vida: tente outra vez’. Melhor que ‘ficar com a boca aberta, cheia de dentes, esperando a morte chegar’. Gonzaguinha concorda e sugere: “Fé na vida, fé no homem, fé no que virá”. Bom seria que ambos ainda estivessem por aqui, numa sociedade alternativa, com mais amores e menos ouro de tolo.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Quer ajuda dos universitários?


Um prêmio para quem tiver respostas precisas para uma dessas perguntas:

1. Qual é o afrodisíaco usado pelos personagens de Caio Castro e Maria Casadevall na novela que leva os dois a transarem em qualquer ambiente de um hospital?

2. O que fazem as mães dos pacientes da pediatra Paloma (Amor à Vida) fazem enquanto a médica vai ao Peru salvar a filha de um sequestro básico, é presa com drogas e depois internada numa clínica psiquiátrica de métodos eletrizantes?

3. Responda rápido: quantas vezes a Sky já exibiu os filmes "Como se fosse a primeira vez”, “Homem aranha" e "De repente, 30"?

Uma vez li um livro...



Quando escuto esta frase volto todos os sentidos esperando um pouco mais do desenrolar da história, nomes, lugares, vidas. Sei que nem sempre vale a mobilização para saber o conteúdo de um livro, mas é involuntária a minha mudança sensorial, escuto o início da frase e aguardo o seu final como a próxima respiração, batida do coração, piscada de cisco do olho, preciso um pouco mais.
Da última vez que escutei, como sempre, parei para aguardar um natural complemento...
 ... Se passava no deserto da Namíbia, o Kalahari...
... Era uma história cheia de humor de tentativas de suicídio frustradas...
... Com aforismos de um Zaratrusta em busca da verdade...
...De intrigadas tramas familiares e sociais na Rússia tzarista do século XVIII...
... Narrando um casamento que se acaba por meias verdades, a angustia da separação, a depressão de ter sido enganada,  o fim do príncipe herói e nascimento da mulher...

Leia a íntegra em Ideias do Deserto.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Psicanalistas


Será que os psicanalistas conhecem a antiga frase “Em casa de enforcado não se fala em corda”? O que move ou estimula esta estranha vontade, pesquisa ou ajuda desses profissionais alimentarem essa história de falar sobre assuntos que o tempo, pacientemente, vem se encarregando de colocar uma pá de dia, dia após dia? Que espécie de arqueologia é essa? Eles enfrentam o tempo, o melhor remédio que a humanidade descobriu para problemas insolucionáveis. E querem desenterrar os dias! Ou serão chefes de cozinha, gourmets, agricultores, que nos dizem ou nos convencem a dizer: é como desfolhar um repolho, uma cebola (?!) folha a folha e a memória vai trazendo os traumas, tristezas, bloqueios, recalques até que tudo fica  compreensivo, aceitável e você, cheio de força, entendimento e sensibilidade. Geralmente estes psicanalistas são meio cronificantes (...). Leia a íntegra em Freud Tupiniquim.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Não curti


Campeã da Dança dos Famosos

Foto: Domingão do Faustão / TV Globo

Por Bia Triz 

A atriz Carol Castro foi a campeã da décima edição da Dança dos Famosos, depois de alcançar 77,3 pontos, apenas dois décimos acima de Bruna Marquezine, em segundo lugar. O ator Tiago Abravanel teve nota total de 66,4 pontos que lhe renderam a terceira colocação. Tão rouca quanto entusiasmada, a também atriz Christiane Torloni ficou deveras empolgada com a exibição de Carol no samba, que disparou: “gostosa!”. Carol perguntou se o elogio era para ela e Christiane não se fez de rogada: “a nota é gostosa e você também é gostosa!” Deu dez, claro. Quem acompanhou a temporada, vai concordar: nada mais justo do que a vitória de Carol Castro. As imagens confirmam.

domingo, 15 de setembro de 2013

Amor na rede


Por Bia Triz

Por mais que computadores, sistemas e redes sociais tenham evoluído, eles ainda parecem estar longe de alcançar a acuidade que nós, humanos, temos de perceber as relações afetivas em todas as suas minúcias. No Facebook, por exemplo, ou você está casado, ou num relacionamento sério com alguém ou, digamos, prefere não comentar. Mas há tantas possibilidades de ‘status’ quando se fala de relação amorosa. Bem que o FB poderia adotar uma espécie de classificação musical para definir o estágio do relacionamento. Status: “O meu amor é apenas o maior, o mais bonito, e por que não infinito?”, para os muitos apaixonados. Para os casais mais modernos, haveria o “Então tá combinado, é tudo somente sexo e amizade”. Os mais objetivos selecionariam a alternativa “Agradeça ao senhor, você tem o amor que merece”. Teríamos também aquelas indiretas básicas, do tipo “Eu levo a sério, mas você disfarça” e “Olha pra mim, não faz assim, não vai lá não”. Quando as coisas não estivessem bem, o usuário poderia mandar um recadinho para o amor mudando o status para “E qualquer desatenção, faça não, pode ser a gota d’água”. Em casos extremos, a rede social colocaria a nosso dispor um “Me larga, não enche”. Enfim, as possibilidades de status personalizados na música brasileira são inúmeras. Qual seria o meu predileto? “Em um relacionamento sério com Chico Buarque”.

sábado, 14 de setembro de 2013

Meu mundo sem mim


Por Bice Triz 

Um dos mais belos poemas que este Blog já publicou começa assim: "Consigo imaginar um mundo sem cores / Só a sua reunião e ausência, o preto e o branco / mas não consigo imaginar um mundo sem forma". A íntegra do poema "Imagens" está em Poesia por um triz.

Melhores capas

Apesar de ainda estarmos a mais de três meses do fim do ano, já foi divulgado o resultado do concurso 'Melhor Capa do Ano 2013'. Os vencedores foram anunciados na última terça-feira (10), durante evento da Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner). "As duas maiores vencedoras da disputa são publicações da Editora Abril. Pela decisão do júri, a produção da Placar que levou às bancas o jogador Neymar sendo crucificado foi a escolhida. A “Disney que ninguém vê”, criação da Mundo Estranho, levou a melhor no voto aberto ao público", noticia o Portal Comunique-se.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Protesto contra a Folha de SP


O fato pode ser interpretado de várias formas, de acordo com o nível de profundidade da análise e também do grau de boa vontade com os envolvidos. Mas admitamos que, ao menos em parte, é jornalisticamente honesta a atitude da Folha de S. Paulo de noticiar um protesto contra o próprio jornal. É verdade que a nota só tem seis linhas. Mas também é fato - a menos que a Folha tenha errado a conta - que o grupo de manifestantes era igualmente modesto: "cerca de 30". "Com faixas, cartazes e palavras de ordem, o grupo acusou a Folha de ter apoiado a ditadura militar. Os manifestantes queimaram um boneco e picharam a faixa de pedestres", relata o texto. O que diziam os cartazes? Quais eram as palavras de ordem? Por que o protesto foi realizado ontem (11) e não programado para o período natalino? A nota não esclarece. Quem souber, compartilha, tá?

MPBaby


Deve ser muito bom ser filho de compositor brasileiro (dos bons, claro) . A convivência com a música de qualidade vem, por assim dizer, de berço.

O Playlist dessa semana traz quatro hits que prestam homenagem a herdeiros da boa MPB. Confira!

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Seu trabalho lhe dá prazer?


“Ratos, fezes e preservativos rodeiam Julio César, um mergulhador de esgoto que há trinta anos ganha a vida em meio aos resíduos produzidos pelos mais de 20 milhões de habitantes da Cidade do México”. Começa assim a reportagem da AFP publicada pela revista Exame, intitulada “A dura vida de um mergulhador de esgoto na Cidade do México”. Os sinestésicos podem passar maus bocados ao avançarem no texto que relata a rotina de Julio, descrito como um homem robusto, de 53 anos, que veste roupa de neoprene e escafandro para trabalhar. Segundo a reportagem, ele desce “as tubulações, canos e usinas de bombeamento e, enquanto nada ou se arrasta entre dejetos, descongestiona manualmente os resíduos - às vezes inesperados - que impedem a água de circular, acelerando um trabalho que uma máquina levaria até 15 dias para fazer”. O resignado mergulhador diz que "alguém tinha que fazer este trabalho", e classifica como "desagradável” o cheiro predominante no seu, digamos, local de trabalho. Ele detalha: "Quando entramos, com 10 centímetros a visibilidade já é nula". Por que Julio César se dispõe a fazer esse trabalho arriscado, nojento e com salário de m...mergulhador? Paixão e emoção. "Gosto muito do meu trabalho, é minha paixão. O que me motiva, acho, é a emoção porque eu nunca sei o que vou encontrar lá embaixo", revela. De repente comecei a ter uma afeição toda especial pelo meu trabalho, sabia?

sábado, 7 de setembro de 2013

O ideal de escrever


“Meu ideal seria escrever uma história tão engraçada que aquela moça que está doente naquela casa cinzenta quando lesse minha história no jornal risse, risse tanto que chegasse a chorar e dissesse – "ai meu Deus, que história mais engraçada!". E então a contasse para a cozinheira e telefonasse para duas ou três amigas para contar a história; e todos a quem ela contasse rissem muito e ficassem alegremente espantados de vê-la tão alegre. Ah, que minha história fosse como um raio de sol, irresistivelmente louro, quente, vivo, em sua vida de moça reclusa, enlutada, doente. Que ela mesma ficasse admirada ouvindo o próprio riso, e depois repetisse para si própria –"mas essa história é mesmo muito engraçada!". Assim Rubem Braga começa a crônica “Meu ideal seria escrever...”. 

Como na literatura, a viagem vale tanto quanto a chegada, não teremos puder de compartilhar os trechos finais do belo texto:

“E quando todos me perguntassem – “mas de onde é que você tirou essa história?" – eu responderia que ela não é minha, que eu a ouvi por acaso na rua, de um desconhecido que a contava a outro desconhecido, e que por sinal começara a contar assim: "Ontem ouvi um sujeito contar uma história...". E eu esconderia completamente a humilde verdade: que eu inventei toda a minha história em um só segundo, quando pensei na tristeza daquela moça que está doente, que sempre está doente e sempre está de luto e sozinha naquela pequena casa cinzenta de meu bairro”.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Maconheiro, eu?

Dia do Sexo Grupal

 Enquanto isso, na reunião do G20...

É só isso mesmo


Conversa agora, só com conteúdo


Por Bia Triz

A chamada sociedade da informação nos proporciona muitas coisas boas, mas também tem nos tirado experiências e prazeres valiosíssimos. Por exemplo, hoje quase não se consegue mais puxar uma daquelas conversas amenas, falar um monte de clichê do tipo ‘não sei onde a gente vai parar com essa violência’, ‘político é tudo ladrão’ ou ‘nunca passei tanto calor na primavera como neste ano’. Com tanta informação disponível na internet, tanto smartphone, tanto programa de rádio, todo mundo anda medianamente informado sobre quase tudo. O zelador do seu prédio tem na ponta da língua estatísticas do mapa da violência, a vovó que está a seu lado no metrô discorda da generalização negativa sobre os políticos e cita os melhores parlamentares no ranking do Diap, e seu filho de seis anos lhe explica a diferença entre efeito estufa e aquecimento global. Não existe mais conversa casual, aquela prosa arrastada, prolixa e desatenta cujo único objetivo é esse mesmo: falar por falar, num diálogo que não acrescenta, mas também não usurpa nada. Leia a íntegra em Ideias do Deserto

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Terminei com o Facebook


Por Bia Triz

Ou você é uma pessoa muito discreta sobre sua vida amorosa desde a hora em que cria seu perfil no FB ou em algum momento terá que enfrentar duas perdas quase simultâneas. Quando a vida lhe obrigar a excluir aquela informação sobre estar num relacionamento sério, prepare-se para outro término, dessa vez com o Facebook. É o mais sensato a fazer é isso mesmo: sair da rede social. Isso vai lhe poupar das perguntas indiscretas sobre o motivo do fim da relação, de comentários extemporâneos sobre como vocês dois “formam um casal lindo” e o principal: você não será obrigado(a) a ter sua tela ocupada com posts do seu ex de roupa nova, tulipa na mão e fazendo a linha urru-como-estou-feliz! Ninguém merece. Nem seu feed de notícias. 

Em defesa da farmacologia


quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Encontro marcado


“Milagre do amor. Amava Lêda,  mas não ousava sequer pensar em beijá-la . Beijo não era bom assim feito diziam. Amando em silêncio. Às vezes se declarava:
-          Lêda, eu gosto muito da sua letra.
-          Lêda, eu gosto muito do seu estojo.
-          Lêda, eu gosto muito.

De noite, dormia abraçado com ela, era bem melhor. Lêda cariciosa, Lêda travesseiro. Iniciava-se naquilo que iria ser, vida afora, o motivo de suas horas mais alegres e mais miseráveis: imaginava tudo – passeios, conversas,  piqueniques, banho de piscina”. 

Do livro 'O encontro marcado', de Fernando Sabino. 

Seus problemas acabaram


terça-feira, 3 de setembro de 2013

Piolho is not bacana




O técnico João Santana bombou na internet como garoto propaganda do anúncio criado pela Africa para Head&Shoulders, que foi campeão no You Tube no mês de julho. Famoso por seu inglês macarrônico, Joel protagoniza agora a sequência do primeiro comercial, em que ele ensina como usar o shampoo da P&G. O novo filme, intitulado  “Singing in the Chuveration” mostra o treinador cantando como um rapper e dando mais orientações sobre a melhor maneira de usar o produto da P&G, revela a Meio & Mensagem. Como diria o professor Joel: Stay the dica. 

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

domingo, 1 de setembro de 2013

Dança dos famosos


Por Bia Triz

O quadro Dança dos Famosos é a prova de que tudo tem um lado bom, até o Domingão do Faustão. Mas, como o programa é um produto Rede Globo, tudo que tem a ver com Neymar é tratado como extraordinário, sensacional. Inclusive a namorada do craque, a atriz Bruna Marquezine. Nada contra a moça, que já revelou ser boa no que faz como atriz. E não se pode negar que ela tem seus dotes de dançarina. Mas a verdade é que nos domingões do funk e da valsa não teve para ninguém: Carol Castro foi infinitamente melhor. Quem assistiu à apresentação da atriz que na novela das nove tem a dura tarefa de se enroscar com Caio Castro - da série ‘Assim é fácil ter Amor à Vida’ -, viu que Carol foi o destaque disparado. Porém, o empenho da mídia para cobrir de glamour tudo que Bruninha faz é tão grande que um jurado desavisado chegou a citar como mérito o fato de ela ter dançado funk “sem ser vulgar”. Ora, então nota zero! Quem viu os movimentos e a evolução de Carol Castro, não teve dúvida de que aquilo era funk e pôs em xeque todas as certezas sobre a atriz. Pelo menos enquanto durou a apresentação, Carol incorporou a funkeira mais despudorada e familiarizada com os movimentos de corpo que enchem de volúpia os famosos bailes funk do Rio de Janeiro. Bruna Marquezine? Parecia estar dançando valsa, o que, aliás, fez na outra semana, como uma sexagenária pudica. Talvez no papel da avó da verdadeira debutante, muito bem representada por Carol Castro. Dez!